terça-feira, 17 de outubro de 2017

Excepcional... o "espectáculo" começa antes mesmo de ter começado!...


Não! Meus amigos, ainda não estou de volta num sentido fotográfico e virtual minimamente renovado e sólido; estou sim, em directa sequência das, mais uma vez, excepcionais trágicas circunstancias dos últimos dias, com reiterada base numa foto(*) que funciona em antítese à temática incendiária, de novo a abordar reflexiva/contemplativamente o próprio fenómeno incendiário para dizer que:

Primeiro não vou escrever acerca dos últimos inqualificáveis dias no que a incêndios florestais respeita, porque os a todos os títulos trágicos factos a nível de destruição humana e natural(fauna e flora), que neste último caso afecta também sempre o ser humano, são factos que falam por si sós _ para quem tenha a mais mínima sensibilidade para os constatar ou no mínimo intuir _ aquém e além do que, no caso, eu mesmo possa dizer/escrever ao respeito. 

Pelo que voltando sim a restringir-me na alusão às mediáticas previsões de “risco de incêndio”, estas são tão mais absurdas quando e por quanto não podendo os jornalistas dizer taxativamente por si sós e à cabeça que após consumados os incêndios estes são de origem negligente ou criminosa, não raro questionam e questionam-se os próprios jornalistas a esse mesmo respeito. A partir de que digo eu que independente de deflagrarem ...dez, cem, ou pior se alegadamente mais de meio milhar... de incêndios num só dia, leva a concluir que se os mesmos são em parte ou num todo de origem negligente está mais que provado que as mediáticas previsões de “risco de incêndio” são essencialmente inúteis/ineficientes como prevenção incendiária; já se esses mesmos incêndios foram parcial ou totalmente de origem criminosa essas mesmas mediáticas previsões de “risco de incêndio” continuando a ser inúteis/ineficientes como prevenção incendiária, parece-me a mim que até podem chegar a ser uma boa/perversa referência para os diversos, aparentes, interesses humanos _ económico-financeiros, imobiliários, políticos, individuais, em qualquer caso doentios _ pró incendiários.

Sendo que a temática dos mediáticos anúncios de “risco de incêndio”, pseudo preventivamente prévios aos próprios incêndios, é-me tão mais cara quanto a mesma dá, ao menos retórica, visibilidade aos incêndios, antes mesmo de qualquer incêndio ter deflagrado. Como seja que sem prevenirem positiva ou absolutamente os incêndios, que dadas as circunstancias, parece que até bem pelo contrário, levam é a que o mediático "espectáculo" incendiário comece até antes mesmo de ter começado!...

E se eu pessoalmente já não suporto ver, ouvir ou ler notícias acerca dos próprios dos incêndios, menos ainda o suporto sob as inqualificavelmente trágicas consequências humanas e naturais do corrente ano (2017), em acrescida adição a todos os demais transactos anos; agora imagine-se como é nauseante ou repulsivo estar a ouvir falar de incêndios antes dos próprios incêndios, pior se não como efectiva prevenção dos incêndios mas sim como pré anúncio incendiário, que é o que na prática se tem constatado ano após ano. Tudo numa comunicação social que regra geral me parece conter tanto ou mais de sensacionalista do que de sóbria. Cujo esse sensacionalismo se sustenta cíclica e viciosamente a si mesmo, no caso concreto também com base no fenómeno incendiário, como quando mediaticamente se difundem insistentes e intensos anúncios de “risco de incêndio” prévios aos próprios incêndios, depois e ironicamente face ao anterior cobrem-se mediaticamente os próprios dos incêndios, sem conclusivamente excluir os subsequentes balanços e respectivos debates mediáticos a respeito do fenómeno incendiário; com o “espectáculo” a somar e seguir, inclusive crescentemente ano após ano, de há já décadas a esta parte _ suponho que até já não haver mais floresta ou espaço natural para arder e/ou então até que no alusivo a espaço natural não se transforme este último em espaço artificialmente controlado/ocupado pelo ser humano, que enquanto tal já não será espaço natural na sua plena ou absoluta acepção, pior se após total, indiscriminada e em determinados aspectos irrecuperável destruição incendiária, na destrutiva conjunção de entre fauna e flora, sem naturalmente excluir a destruição da vida e do património humana/o. 

Em que a terminar, de momento, quero dizer que tendo eu nascido e crescido em meio rural, sou no entanto dum tempo em que incêndio era sinónimo de anormalidade natural/mentalmente a evitar e automaticamente a combater a todo o custo desde um primeiro momento e por toda/os _ sem qualquer prévia, paralela ou posterior intervenção mediática. Enquanto me parece que actualmente, até pela abordagem mediática do fenómeno incendiário, os próprios incêndios parecem ser algo natural/culturalmente inevitável, que qual “fruta do tempo”, até já há uma “época de incêndios”; sendo que pessoalmente até admito haver uma época (Verão, quente e seco) mais propícia(o) a incêndios, mas uma época de incêndios não existe pura e simplesmente, aquém e além de na doentia/controversa mente e sob respectiva negligente/deliberada acção humana.

VB

(*)...foto que eu confessamente já havia partilhado há meses por aqui, em registo monocromático e meramente fotográfico. VB 

13 comentários:

  1. Pois é, somos de um tempo em que um incêndio era um acidente, uma anormalidade.
    O que é que mudou para passar a ser quase uma normalidade, com época e tudo?

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    1. Estimado Pedro, da minha parte não tenho a pretensão de responder taxativamente a essa questão.
      Mas posso opinar dizendo que a humanidade evoluiu num sentido essencialmente materialista, sendo que o materialismo é parte integrante da vida, mas a Vida é muito, muitíssimo mais que materialismo. De entre o que a natureza humana é ou pelo menos tornou-se significativa, genérica e crescentemente anti natureza geral, não só nem essencialmente por esta faceta de destruição incendiária da própria natureza, mas de que esta faceta incendiária é uma das mais imediatas e indiscriminadamente destrutivas derivada de boçal acção ou inacção humana, que agora parece com também já directa e reiterada destruição humana inerente... até onde chegará toda esta loucura humana, não faço ideia!?... Mas que se enquanto contra a Natureza a humanidade perde seguramente, porque duma ou doutra directa ou indirecta forma destruindo a natureza a humanidade destrói-se a si mesma enquanto parte integrante e/ou dependente da Natureza. E o factor mental humano tem um papel fundamental em tudo isto, na própria vida humana face à vida/natureza em geral. VB

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    2. ...o factor mental e espiritual, porque a estrutura mental e o espírito com que se fazem as coisas, por si só com que se vive faz toda a diferença, no limite para bem e para o mal...

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  2. eu sou de um tempo em que há dias que tenho vergonha do meu País...

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    1. ...dum lado estão os porcos dos incendiários com os seus negligentes ou muito pior se deliberados interessezinhos; do outro lado está uma estrutura política, social e operacional que teoricamente está "sempre" preparada para "tudo", mas na prática!!!???...

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  3. Quero aqui fazer uma reforçada declaração, para mesmo sob a forma de comentário dizer que:

    Sinto-me profundamente triste pelos incêndios e suas vitimas naturais e humanas. Com tudo o mais envolvente que a meu ver e sentir redunda numa genérica e devaneante loucura humana, independente das suas origens e motivações.

    De resto não termino de conseguir ver, ouvir ou ler noticias acerca dos incêndios, bastando-me saber que morreram mais de cem pessoas e que arderam centenas de milhar de hectares, com tudo o que isso implica ao nível de destruição de património natural e humano, para que estar a ver, ouvir ou ler mais noticias ao respeito, em especial se ao nível de mera e reiteradamente mostrar a destruição inerente, para mim funcione como uma curiosidade mórbida, quase perversa/controversa. Até porque salvo substancial novidade noticiosa, a mim basta-me saber que morreu uma só pessoa e/ou que ardeu um só hectare, para reconhecer que houve e há sofrimento humano e destruição natural. Além de que com relativamente a algo dramático pelo que pouco ou nada posso fazer, basta-me ter conhecimento das circunstancias, dos feitos e das conclusões gerais, não necessitando conhecer em objectivo todos os pormenores, em especial se mais macabros e/ou sensacionalistas.

    Pelo que a minha aversão a noticias sobre os incêndios em concreto não coincide tão pouco necessariamente com enterrar a cabeça na areia face ao fenómenos em causa, até porque mesmo sem ver, ouvir ou ler noticias, basta-me conhecer os factos gerais para me sentir profundamente triste e dalgum modo até com pouca esperança na humanidade que é também minha; sem tão pouco ainda procurar alhear-me ou distrair-me dessa tristeza e/ou falta de esperança, que até por isso necessito escrever ao respeito.

    Sendo que como base para escrever isto está o facto de que esta noite tentei ver o Sexta às Nove na RTP1, mas tendo este por temática base os incêndios dos últimos dias e do corrente Verão, com os seus respectivos danos naturais e humanos, mas também com alguns dos interesses humanos envolvidos, não consegui terminar de ver, porque dalgum modo foi como estar a recalcar visual e auditivamente aquilo que eu já conhecia e/ou mentalmente imaginava dalguma forma, sendo inclusive que a investigação jornalista e respectiva reportagem televisiva, até pelas suas limitações materiais e objectivas inerentes, em certos aspectos sequer se consegue aproximar do que eu consigo imaginar, pensar e sentir ao respeito _ num ciclo de tristeza, pela destruição natural e humana inerente. Pelo que não necessito estar a ver e ouvir mais do mesmo, ainda que o Sexta às Nove da RTP1 até seja um dos poucos programas, no caso jornalístico-noticiosos de base investigativa que ainda vou conseguindo ver na televisão.

    VB

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  4. Passando para ler as notícias.
    Boa entrada de semana.

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  5. Boa tarde, falar de incêndios sem focar os incendiários e quem os contratou é o comunicação social tem feito, é necessário saber a motivação dos incendiários e de quem os contratou, serão os interesses económicos ou politico? na minha opinião declarar em tribunal ao poder não eleito, que estava alcoolizado, que teve problemas com a mulher ou com a filha, que perdeu o emprego, não justifica, quem investiga deve chegar mais longe, se assim for, talvez chegue à conclusão que foram adeptos do diabo a contratar incendiários.
    Boa semana,
    AG

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  6. Incêndio é tudo de ruim!
    Sobre desde o passarinho mais pequenininho,
    até a centenária castanheira.
    Sofre a vida
    Morre a vida

    abraço
    Lola

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  7. ¿Cuánto hemos "evolucionado" como para dejar de ver un incendio como algo anormal y convertirlo en normal?.
    Aquí no hay áreas naturales, un pequeño bosque, un pequeño parque que jamás han sufrido daño, ni natural ni provocado, es zona semidesértica, desconozco el impacto, pero adoro la naturaleza, me encanta lo verde, los imponentes arboles, flores, etc.

    La fotografía es bellísima, un abrazo, Barón

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  8. PArabéns pela foto.

    Já estou te seguindo, viu?
    http://juliamodelodemodelo.blogspot.com.br

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  9. Hoje em dia... quase penso, que as previsões de risco de incêndio, servem mais os incendiários, do que os demais cidadãos... tal o número de incêndios ocorridos... para lhes indicar talvez, para que zona do país, se deverão dirigir e atear o próximo...
    Aqui onde moro, houve uma série de incêndios em Setembro e Outubro... quase todos eles, começavam entre as 9 e as 10 da noite... Enfim! Sempre dramático por aqui, o sol... da meia-noite!
    A imagem está absolutamente incrível... pelo menos para mim, que tenho pânico de insectos... e só assim... consigo apreciar os magníficos detalhes destes bicharocos... de que não me consigo aproximar, de todo...
    Mais uma imagem formidável, Victor! O jogo de focagem e desfocagem está perfeito!
    Um grande abraço!
    Ana

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