domingo, 23 de junho de 2019

Artefacto...


 ... questão de enquadrar linhas e formas, entre o objectivo e o abstracto! VB

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Para quem como eu, teve inicialmente a pretensão de ter neste blogue, um blogue de exclusiva partilha fotográfica, devia no máximo ficar-me pelo titulo e sub-legenda da foto acima, de entre outras. Mas talvez porque cada vez menos tenho disponibilidade para me expor pela via escrita nuns foruns e pela via fotográfica noutros, acabo por juntar um pouco as duas expressões, escrita e fotográfica. Como mais uma vez, também, no presente caso. Para precisa e pró reflexivamente, de entre objectividade e subjectividade, de momento, dizer que:

Não vale a pena ter ilusões, nem "tapar o sol com a peneira", pois que apesar de todos os seus paradoxias ou complementares inversos a vida é também e não raro acima de tudo cruel. Basta dizer que as mais diversas espécies viventes dependem em regra da morte da outra para com sua própria vida ou por si só, como de resto disse Vinicius de Moraes em "O Dia da Criação", a respeito da própria humanidade:... 

"... Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia,
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.
Composição: Vinícius de Moraes
Tudo o anterior para em conclusão, da minha parte e de momento, dizer apenas que: desvairados (pró) ditadores, como o Sr.º Trump, apenas nos vêm ciclicamente fazer recordar que a vida é ou pode ser mesmo muito cruel, na sua mais pura realidade base. Não que o Sr.º Trump seja o pior dos ditadores, até porque é Presidente duma Nação (EUA) que não lho permite ser em pleno ou mesmo em absoluto. Mas como desvairado (pró) ditador da também mais influente nação a nível planetário, acaba por ter tanto ou mais peso Global que diversos outros efectivos e cruéis ditadores, com que de resto o Sr.º Trump tende a simpatizar, no limite e pasme-se, incluído o Sr.º Kim Jong-un. Só que a natureza vital base é dita de irracional/selvagem e nós humanos temo-nos a nós mesmos como racionais/civilizados. Pelo que apesar de e/ou até pela cruel natureza base da própria vida, nós humanos temos ou pelo menos deveria-mos ter a obrigação de procurar encontrar e/ou construir constantes e permanentes pontos de equilibrada e harmoniosa vivência entre nós e de nós face à restante vida, dita, de natural/selagem, da qual dependemos e de que em grande medida somos partes integrantes, por vezes de formas até mais selváticas do que a propriamente dita natureza selvagem, inclusive porque temos o poder de destruir esta última de forma mais directa ou indirecta e objectiva ou subjectiva, mas em qualquer caso cruel e selvaticamente efectiva  _ talvez porque mesmo sem objectivamente o sabermos, ansiemos no entanto ser abstractamente: "... pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra."....   
Salva a presunção da minha parte, para reflectir, porque hoje é Domingo!
VB

domingo, 16 de junho de 2019

Anacronismos...


...candeeiros a petróleo na era digital!

Aquém e além do restante conteúdo, que compõe a mise-en-scène da foto acima, no caso e para mim destacou-se o facto de me ter levado a recordar que as noites da primeira dezena e meia de anos da minha vida foram, em exclusivo, iluminadas pelo tipo de tecnologia fotograficamente exposto _ candeeiros a petróleo. O que, sem juízos de valor, coincide com um progressivo ou mesmo revolucionariamente profundo contraste energético e mas também cultural, face a esta (minha) presente existência virtual, de base electrónica-digital. 

Mas como se o anterior não bastasse, tendo ainda por base a anacronista titulação do presente, inclusive como um factor que dalgum modo também contribui para as minhas ausências daqui do meio virtual, na medida em que mais do que disponibilidade temporal me absorve disponibilidade interior e/ou pessoal modo geral, por via de não raro me levar a mais ou menos profundos retiros reflexivos/contemplativos, está ainda e por exemplo o anacrónico facto de uma das principais referências, sob alguns aspectos mesmo a principal referência da minha vida, ter sido e que enquanto tal será já indefinidamente sempre um meu tio-avô, literalmente analfabeto, além de por norma subestimado ou no limite mesmo chacoteado localmente, a começar logo por parte dalguns sectores familiares _ o que, ao menos em parte, faz (também) de mim um ser, por assim dizer, anacrónico-culturalmente, esquisito 

Como seja que, no meu caso, procuro viver o presente, com um no passado e outro no futuro. Mais especificamente ainda procuro, na medida do possível, não esquecer ou ignorar o passado, no seu melhor e pior, como se o mesmo não existisse ou fosse algo desprezável, mas tão pouco viver o presente como se não houvesse amanhã (futuro). Até porque procurar esquecer ou ignorar o passado é correr o risco de o repetir, em especial pelo seu pior, como diversos sinais indicam estar cada vez mais em risco de suceder colectiva/globalmente; além de que viver como se não havendo amanhã (futuro), pode, como de resto está mesmo a levar a que hipotequemos, por no limite não dizer mesmo que inviabilizemos o futuro humano e até planetário, algo de que também temos cada vez mais indiciantes ou mesmo  óbvios sinais.

Finalmente, com o anterior, não procuro dar lições, nem muito menos impor a minha perspectiva (realidade) a quem mais quer que individual ou colectivamente seja. Apenas procuro expor a minha perspectiva e/ou a minha forma de ser e de viver, seguramente com muitos defeitos e eventualmente com algumas virtudes, esperando que isso seja positiva e vitalmente útil a alguém (individual ou colectivamente) mais, no limite, senão for por se seguir, ao menos, que seja por se contrariar a minha perspectiva ou o meu exemplo própria/o!

VB