segunda-feira, 19 de outubro de 2020

No topo


 Até pelo que vou dizer a seguir, claro que gosto e até necessito da beleza, da alegria e da felicidade da Vida. No entanto não sei se tenho medo ou incapacidade, mas seguramente tenho vergonha de ser feliz. Em especial quando por diversos pressupostos, a começar logo nas minhas indelevelmente marcantes origens, com continuidade no espaço e no tempo, senti ou mesmo constatei desde cedo que, para alegadamente ser feliz, teria de deixar outréns positivamente para trás, tanto mais se sendo esses outréns por mim genuinamente amados. Além ainda, de que, ao menos, segundo minha experiência própria, descobri também há muito que só há duas grandes formas de ser feliz: uma é que quem de perto nos cerca também o seja e a outra é sendo cego à dor, à tristeza e à infelicidade envolventes _ neste último caso, como, dalgum modo, diz o ditado: "felizes os ignorantes"!

Mas como eu não sou, ao menos, totalmente ignorante, cego ou insensível à dor, à tristeza e à infelicidade envolventes _ especialmente aquelas que podem ser humanamente evitadas e/ou sanadas, cujo muito pior se diretamente provocadas pelo próprio ser humano, inclusive, a e de entre si próprio, que tanto pior ainda se comigo como protagonista nesse processo, mesmo que no meu caso enquanto protagonista indireto e/ou passivo. Até porque no natural extremo que humanamente não dominamos, como também diz um outro ditado: "o que não tem remédio, remediado está". Sequência de entre o que, aquém e além das minhas dores, tristezas e/ou infelicidades próprias, não consigo deixar de, até acima de tudo, empatizar com a dor, a tristeza e/ou a infelicidade envolvente, em especial se intra e inter humanamente provocadas. Aliás, empatizar com a dor, a tristeza e/ou a infelicidade envolvente, além de logo à cabeça relativizar muito as minhas dores, tristezas e/ou infelicidades próprias, porque desde logo há sempre quem, duma ou doutra forma, esteja pior; é ainda irónico meio caminho andado, senão, para o meu prazer, para a minha alegria e para a minha felicidade própria, ao menos, é-o para um meu muito significativo e genuíno reconforto interior, inclusive porque essa empatia, me exige um pró positivo esforço de resistência ou subsistência própria, que na medida em que eu consiga, como duma ou doutra forma tenho conseguido, dar expressão e continuidade prática a esse esforço, acaba invariavelmente por se refletir positivamente na minha própria vida, com direta ou indireta extensão à vida envolvente e/ou vice-versa. O que de resto e por si só espero minimamente constatável ou, ao menos, intuível no que e como genericamente escrevo, a concreto exemplo do presente.

Seja, conclusivamente, que toda a anterior sequência, de minha tendencial empatia com o, por assim resumidamente dizer, pior envolvente, com apenas positiva ressalva para o facto de se conseguindo eu, duma ou doutra direta ou indireta forma, contribuir para sanar ou ao menos atenuar esse pior (mais sofrível, triste e/ou infeliz) envolvente, inclusive por via de eu mesmo sobreviver tão positivamente quanto possível, à minha própria empatia com o mesmo _ mal comparado seja com, no limite, um médico, um polícia ou equivalentes, que têm de lidar com o pior e mas para com o melhor da vida _, algo em que, segundo me auto entendo, sou confessamente muito modesto e mesmo torpe, ainda que até por força de recorrentes circunstancias, próprias e envolventes, mesmo que à minha modesta e torpe medida, não posso nem consigo desistir de tentar contribuir para o que se pode resumir no mais transversal bem Universal, que como tal me inclui incontornavelmente a mim mesmo, sem excluir quem mais quer que seja, em efetivo ou em potência, inclusive sob incontornável pena de caso contrário ser eu próprio, também ou até o primeiro, a cair!... 

VB

9 comentários:

  1. Talvez permitir-nos momentos de felicidade quando não está mal e aqueles que nos são mais próximos também não o estão, até para ganharmos força para acreditarmos que podemos contribuir para a felicidade dos demais.

    Não me tinha apercebido do regresso à blogosfera, ainda bem! Vou ver depois se há posts antes deste.

    um abraço e uma boa semana

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  2. Oi boa noite Victor. Tudo bem? Sou brasileiro, carioca e quero apresentar o meu Blogger. Novos amigos são bem vindos, não importa a distância. Gostaria de lhe convidar a seguir o meu Blogger. Sou o seguidor número 22. Parabéns pelo seu excelente trabalho.

    https://viagenspelobrasilerio.blogspot.com/?m=1

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  3. Felizes daqueles que com tão pouco irradiam felicidade e contagiam quem está à sua volta. Por vezes dá medo ou então parece um acto egoísta, mas como podemos fazer alguém feliz se o nosso "eu" não estiver feliz.
    Bom dia, VB

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  4. Nadie puede repartir felicidad, si ella no está dentro de él.La Felicidad, se puede repartir de mil manera, un simple gesto como una sonrisa dirigida a una persona, puede hacerla por un momento Feliz.

    Esa Felicidad, que no viene de lo material y nace del corazón puede tener efectos sorprendentes, en los demás.

    Besos

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  5. Acho que nunca somos verdadeiramente felizes... a insatisfação é inerente à alma humana... podemos é ter momentos felizes... e como tal... há que procurá-los ao máximo, e darmos o nosso melhor para não os deixarmos escapar!...
    Que imagem linda, Victor! Que bom, tê-lo de volta à blogosfera!
    Um grande abraço! Estimando que tudo esteja bem, consigo e com os seus!
    Ana

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  6. A (in) satisfação pode ou não conduzir à felicidade! Deu para reflectir sua escolha de hoje e ADORO seu olhar! 😘

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  7. VB
    o ser humano é insatisfeito por natureza.
    a insatisfação leva.nos por isso a não usufruir dos momentos felizes.
    nem todos somos iguais é certo, mas...
    bom domingo
    :)

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  8. Ser feliz é uma porta entreaberta para procurarmos aquilo que nos conforta, sensibiliza e nos deixa olhar os outros com humanidade e respeito. Não sei se há alguém completamente feliz. Mas sei que há quem o tente todos os dias. Gostei da reflexão so seu texto.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  9. Muito boa noite, com enorme e honrosa gratidão pelas palavras de toda/os e cada um/a de vós.

    Resumindo, numa resposta ao conjunto dos vossos enriquecedores comentários, diria e digo que escrever/falar acerca de algo que verdadeiramente importa na Vida, como por si só a felicidade e por incontornável inerência a infelicidade, é e será sempre estar a entrar num labirinto sem conclusivo fim à vista ou mesmo em absoluto _ talvez ou seguramente a/os própria/os poetas, que também muito honrosamente aqui me acompanham, consigam melhor que quem mais, expressar por si só poeticamente a verdadeira essência da Vida, logo também da felicidade e da infelicidade; além de naturalmente e acima de tudo a própria Vida, (felicidade e/ou infelicidade), falar(em) por si só(s), no intimo de cada qual!
    Enfim, da minha parte apenas procurei filosofar um pouco ao respeito, mais concretamente de entre os meandros da dualidade da própria Vida, que como tal inclui felicidade e infelicidade, em todo o caso tendo aqui por base a minha humilde e limitada experiência própria. Até como tal, conseguindo eu entender e em grande medida até subscrever na essência as palavras de cada um/a de vós, que ainda assim, as vossas palavras associadas ou dissociadas às minhas próprias palavras, continuam longe de tudo o que se pode dizer/escrever, sem no entanto jamais estar tudo dito/escrito ao respeito, até porque a Vida, com as, em efectivo ou em potencia, dualmente contidas felicidade e infelicidade, fala(m) por si só(s) no intimo de cada um de nós, muito aquém e além do que nós possamos ou consigamos dizer/escrever ao respeito! ;-)
    De coração, com votos de felicidades, beijos e abraços a quem respectivamente correspondam, nesta mesma base e sequência... VB

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