sábado, 7 de outubro de 2017

Uma excepcional postagem de circunstancia...



...esta excepcional postagem deriva directamente do sistémico-normativo fenómeno incendiário florestal, ano-após-ano, já difícil de qualificar enquanto tal, com tudo o que o está à prior, durante e após o mesmo. Face ao que em contrabalanço utilizo uma ilustrativa foto que é a antítese desse mesmo fenómeno, quando a mim e que para além dos próprios dos incêndios:

Se há coisa que me irrita e revolta solenemente é a palhaçada duns designados anúncios mediáticos de “risco de incêndio”. Que não posso afirmar que os incêndios ou parte deles derivam directamente desses ridículos, por não dizer perversos anúncios mediáticos, mas o que me parece muito constatavelmente é que esses mesmos anúncios não contribuem muito ou mesmo nada para prevenir e menos ainda para terminar com o fenómenos incendiário já como uma norma em si mesma, enquanto norma de que isso sim fazem parte integrante os próprios prévios anúncios mediáticos de “risco de incêndio”, sem absoluto prejuízo da posterior e em grande medida espectacular cobertura mediática desses mesmos incêndios.  

Não quero nem vou agora escrever muito ao respeito, mas ao menos tenho de dizer que de cada vez que vejo e ouço qualquer jornalista nos espaços noticiosos televisivos anunciar com pompa e circunstancia: “amanhã vai estar uma temperatura atmosférica acima dos trinta graus, bom para a praia e mas com forte risco de incêndio”, como mínimo ou como melhor das hipóteses penso ou digo logo: para dizer tal obviedade e no limite baboseira não era necessário estudar durante anos (décadas) e nem ir pomposamente de fato e gravata dizê-lo na televisão.

Sendo que após vários dias sem anúncios de “risco de incêndio”, nem respectivos incêndio, logo ontem no noticiário da noite, salvo erro da RTP1, lá veio a em si mesma compreensível previsão atmosférica, na circunstancia de tempo quente para o dia seguinte, enquanto tal acrescida dos aqui já dispensáveis anúncios de: “bom para a praia” e mas com “alto risco de incêndio”. É que bastava com a previsão atmosférica, na circunstancia a anunciar tempo quente, acima dos trinta graus, enquanto tal e isso sim já motivo de noticia por algo fora de época, mas a partir do que não era, nem é em absoluto necessário estar acrescida e obviamente a lembrar quem quer que seja que isso é “bom para a praia” e/ou que inclui “risco de incêndio”. Pelo que eu logo disse: lá vem outra vez a palhaçada dos anúncios de “risco de incêndio”, pensava que já se iam esquecendo, mas basta fazer um dia mais quente e logo vem essa trampa de novo

E o curioso é que após uns tempos (dias) sem mediáticos anúncios de “risco de incêndio” nem respectivos incêndios, de ontem(06/10/2017) para hoje(07/10/2017) lá retornaram os próprios dos incêndios e as subsequentes mediáticas notícias inerentes no respectivo jornal da tarde de hoje, após o imediatamente prévio anúncio mediático de “risco de incêndio” de ontem. E não, com tudo isto não estou a dizer que não se devam dar ou que se devam proibir determinadas noticias, o que estou a dizer é que não se faça notícia até do que é natural e correntemente óbvio, como por exemplo que calor acima dos trinta graus é no mínimo potencialmente bom para a praia e/ou que enquanto ainda sob o terreno seco derivado do Verão também implica risco de incêndio. De entre o que não digo que os ridículos anúncios mediáticos de “risco de incêndio”, não previnam um ou outro excepcional caso de incêndio derivado duma ou outra mente mais distraída/negligente, mas o que me leva cada vez mais a crer é que contribui acima de tudo para tornar os incêndios algo normal, uma espécie de inevitável “fruta do tempo” em muitas outras mentes, que como dalgum modo se diz na minha terra: “lá estão eles (os jornalistas) de novo a fazer lembrar aos incendiários do que os próprios não estão esquecidos, ao estilo de vão agora atear fogo que está bom para isso”! De resto se os, como melhor das hipóteses, ridículos anúncios mediáticos de “risco de incêndio” contribuíssem se facto para prevenir os incêndios, dada a insistência e intensidade desses anúncios durante anos e anos consecutivos, praticamente já não havia incêndios em absoluto, quando ironicamente parece que até bem mesmo pelo contrário.

Pelo que mais uma vez digo eu que incêndios florestais no contexto sociocultural, político, mediático e existencial actual, coincidem acima de tudo com: industria, negócio, espectáculo, circo mediático e loucura humana muito significativamente enraizada e já institucionalizada.

Claro que com esta minha perspectiva, pouco ou nada política, sociocultural, institucional ou mediaticamente correcta terei poucas ou nenhumas hipóteses de ser escutado, salvo se for para que tudo isto enquanto da minha responsável parte, seja usado contra mim, porque o sistema está bem enraizado e eu sou nada e ninguém face ao sistema!

VB

18 comentários:

  1. O olhar é lindo e esperançoso no sentido de que o sistema repense e rapidamente nas suas politiquices!!!
    Hoje o nosso céu mostra a angústia que povoações estão a viver!!!
    Bj

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    1. Grato no relativo à apreciação fotográfica; já quanto ao sistema, quando este se começa a fechar demasiado sobre si mesmo, também costuma começar a insistir repetidamente nos seus próprios e mesmos erros, com ressalva dos acertos!!!
      Pois mais uma vez a angústia voltou e pela experiência das últimas duas décadas e meia a três décadas parece que a angústia está para durar no que a este nível incendiário respeita, com continuamente acrescida gravidade quer quantitativa quer qualitativamente nessa angustia, o que é irónico face ao acrescido circo propagandístico mediático e institucional oficial em nome da prevenção e do combate aos incêndios _ pelo que alguma coisa ou melhor diversas coisas parecem estar muito mal de entre meio, uma delas é desde logo uma certa mentalidade de que tão só por estar calor se torna algo normal haver incêndios, quando o calor por si só não provoca incêndios.
      Que ao menos os incêndios não regressem aí à região onde habita a Gracinha, porque noutras zonas do país é o que repetidamente se sabe!...
      Beijo

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  2. Um olhar lindíssimo, e uma verdadeira celebração do poder de renovação da natureza... apesar, dos pesares... e dos constantes atentados de que é alvo!
    Aqui na zona, os incêndios que se têm verificado... ocorrem todos no período de maior calor... humano, talvez... entre a meia noite e as três da manhã... e sempre em zona, próxima de áreas onde se pratica o cultivo de eucaliptos... aonde resta a vegetação original... é o lugar ideal para ocorrer um incêndio... no calor das madrugadas... assim tem ocontecido, ao longo deste Verão... e voltou a acorrer há uns dois ou três dias atrás...
    Às vezes... antecipam a hora... e o festival de fagulhas... começa às 10 da noite... quando todos estão entretidos em casa... e ninguém está a prestar muita atenção, aos campos...
    Como já em termos afirmei no meu canto... uma verdadeira indústria de interesses, gira por detrás de tudo isto!...
    Um grande abraço! Bom fim de semana!
    Ana

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    1. Obrigado pela elogiosa alusão ao olhar e ao que o mesmo simboliza ou pode simbolizar... no caso do melhor da vida natural, face ao pior da natureza humana!
      Pois de facto parece que os incêndios têm de todo mais origem e sustentação no interessado/perverso "calor humano" do que no natural calor climático... ainda que em grande e natural medida dependam deste último e das condições que o mesmo propicia para se iniciar e sustentar um incêndio florestal.
      Institucionalmente sim, mas modo geral digo eu que não é necessário ser-se muito inteligente, nem um grande cientista, doutor, engenheiro ou superior especialista na matéria para no mínimo se intuir e no limite constatar que há toda uma imensa e multifacetada industria a viver à custa dos incêndios florestais... com dita industria a girar por detrás, pela frente, pelos lados e em paralelo do fenómeno incendiário. Cujo o factor dos ridículos anúncios mediáticos de "risco de incêndio" é apenas uma das mais visíveis e no caso reiteradamente ridículas facetas do fenómeno, pois será caso que essa gente ainda não se apercebeu que após anos, já décadas, de ditos anúncios, não só não diminuem como no mínimo se mantêm e no máximo até aumentam os incêndios em quantidade e qualidade destrutiva. Digo eu sem medo algum de o dizer que o verdadeiro espírito genericamente instalado não é o de evitar incêndios _ isso é algo que já foi!!! Sendo que há gerações a crescer sob o signo mental de que calor climático é natural sinónimo de incêndios florestais... mas não é... claro que eu tenho uma perspectiva mais extensa e complexa acerca deste assunto, mas não cabe no presente contexto e em alguns aspectos até me é difícil expressá-la verbalmente em toda a sua extensão e subtil ou paradoxal complexidade. Mas no caso e tão só ao manifestar-me como aqui faço até talvez já esteja a ser absolutamente inapropriado, porque como tal sinto-me como mais um fazer ruído ao redor dum assunto cujo, também mediático, ruído já é demasiado em si mesmo e sem quais queres positivos resultados práticos, bem mesmo pelo contrário!
      Pelo que talvez estar verbalmente quedo e calado seja o melhor, porque com ou sem o meu ruído o triste fenómeno incendiário continua lamentavelmente de vento em popa!
      Abraço, minha amiga! Boa semana, dentro das circunstancias!
      VB

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  3. Olá, Victor!

    Se a foto e a publicação foram de circunstância, posso dizer-lhe que ficou muito bem na foto, o passarinho (rs). E já agora, o que representa o símbolo que está junto ao seu nome?

    Sabe, Victor, eu acho que é importante noticiar, mas calar, em determinados aspetos, é bem melhor. Sempre se disse que o calado vence tudo, e acho mesmo que mtas coisas sucedem devido à comunicação social. Vão lembrar àquelas cabecinhas, coisas k talvez estejam adormecidas.

    Beijos e bom domingo.

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    1. Olá, Céu!

      Grato por mim e pelo passarinho, bem na foto :). No relativo ao símbolo junto ao nome, se a Céu se refere à foto da máscara com que ilustro a minha presença aqui(!?), posso dizer-lhe que significa apenas uma das primeiras fotos que fiz ao iniciar-me na fotografia digital, dado que eu já vinha da foto química, dita analógica; depois gostei da mesma(foto da máscara) desde um primeiro momento, ainda que a tenha mantido em arquivo durante cerca de dois anos; finalmente achei que a mesma ficava perfeita ao lado do meu nome para a finalidade aqui em causa... diga-me a Céu o que acha!?... mas entretanto porque me lembrei eu dessa foto de entre milhares doutras quando chegou a hora de colocar uma foto a ilustrar a que agora é minha marca de presença aqui, já não lhe sei explicar muito bem; até porque há sempre um lado de mistério na própria vida que nós não dominamos em absoluto e que em parte creio ser o caso... mas resumindo tão pouco passa tudo duma mera sequência de factores entre o objectivo e o subjectivo, como (quase) tudo na (nossa) vida humana!

      Pois concordo plenamente, além de pré anunciar "risco de incêndio" só porque está calor é como mínimo discutível enquanto noticia. Que já agora e pelo mesmo motivo também podiam e deviam anunciar risco da criação de patos e galinhas, para quem os tiver, acabarem por morrem à cede se não se lhes der água suficiente ou em absoluto; risco de adormecer dentro do carro com os vidros fechados sob o sol escaldante pode matar e mata em pouco tempo, sendo que sei eu haver quem como mínimo tenha deixado cães fechados em carros sob essas condições...; ainda risco da pintura automóvel ficar degradada sob sol escaldante _ o meu vai ficando todo descascado; enfim a lista de óbviedades que se podem pré anunciar mediaticamente com base no calor climático é mais ou menos indefinida; porquê então a intensa e insistente exclusividade com relação aos incêndios florestais, quando estes último até não diminuem, muito menos cessam e até bem pelo contrário aumentam em quantidade e qualidade ano-após-ano(!?)... é algo que seguramente a minha fraca inteligência não terminará jamais de alcançar. Aquém e além de que pré anunciar outras obviedades do género, com o mesmo intenso e insistente ênfase com que se pré anuncia o risco de incêndio, até distrairia face a este último _ digo eu!!!

      Beijos e excelente semana


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  4. mas, temos de olhar pelo positivo e ter esperança...
    a foto está excelente, e é o que eu digo muitas vezes
    estar no momento certo no local certo
    bom fim de semana.
    beijinhos
    :)

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    1. Em efectivo não há melhor momento nem circunstancia para ter positiva esperança que nos piores momentos, como no caso face ao crescentemente vergonhoso e lamentável drama incendiário ano-após-ano... apesar de e/ou até pelos insistentes e intensos pseudo preventivos alertas mediáticos de "risco de incêndio"...
      Obrigado pela elogiosa alusão à foto, que no caso derivou duma insistente série de tentativas para fazer meia dúzia de (boas) fotos de aves, na circunstancia com uma máquina e uma lente que já não possuo, pois esta foto está próxima dos dois anos de feita _ de qualquer modo subscrevo que é necessário estar no local e no momento certos!
      Excelente semana para a Piedade
      Beijo

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  5. Esta imagen me transmite paz y me transporta hacia la naturaleza.

    Bellísima la imagen, te felicito amigo Victor.

    Besos y feliz noche.

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    1. Mucho me complace lo que te transmite esta imagen _ hasta como positivo contrapunto al negativo motivo sobre lo que escribo abajo de la misma, como en este último caso son los persistentes incendios florestales, acá en Portugal o onde más sea.

      Muchas gracias mi amiga Maria.

      Besos y feliz dia para ti.

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  6. Acompanho regularmente as notícias de Portugal.
    E tenho que confessar que estes incêndios "fora de época" são especialmente suspeitos.
    Aquele abraço, boa semana

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    1. Meu amigo Pedro, salvo eventual excepção devidamente esclarecida, de resto todos, literalmente todos os incêndios florestais são como mínimo suspeitos; que de resto para mim nem sequer há em absoluto uma "época de incêndios" porque os mesmos não derivam naturalmente de qualquer época do ano por si só, ainda que isso sim dependam da época seca e quente de Verão como a mais propícia aos mesmos, mas já seja de origem negligente ou criminosa é no mínimo de pressupor que 99.9% dos incêndios florestais terão origem humana e como tal origem extra natural e por isso também sempre fora de qualquer natural "época" _ reconhecendo eu o "fora de época" entre aspas do Pedro!
      Abraço com votos de excelente semana

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  7. Estamos a ficar sem floresta. E digam o que disserem, essa é a realidade. estive a lê-lo com toda a atenção. Já se sabe que o nosso jornalismo não é dos melhores... Quando mudarão as coisas? A fotografia é linda.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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    1. É sem dúvida uma profunda e cada vez mais inqualificavelmente triste realidade a que implica este fenómeno incendiário, cujo estarmos a ficar sem floresta _ perda de fauna e flora _ é a consequentemente maior e mais lamentável conclusão final. E o pior é que a vertente do jornalismo a que aqui aludo é apenas a mais visível e que ao mesmo tempo dá mais visibilidade ao fenómeno em causa, da minha perspectiva longe do fazer da melhor maneira, num ciclo que engloba muitos outros factores/interesses... em qualquer dos casos parece que difíceis de mudar, inclusive se pela sequência de há anos a esta parte parece que até bem pelo contrário! Mas que cingindo-me ao jornalismo, estou certo que haverá excelente profissionais, mas o que também cada vez mais me parece é que, salvo a contextualmente triste comparação, estes últimos devem ser uma espécie resistente de "arbusto" no meio duma genérica "floresta" em decadência...
      ...haja fé e esperança em melhores dias!
      Muito grato pela apreciação fotográfica.
      Excelente semana para a estimada Graça.
      Beijo

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  8. Vitor, que bela imagem.

    este fds ardeu quase tudo perto do sitio onde moro. fiquei imensamente triste e revoltada.

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    1. Obrigado, Laura

      O meu particular lamento então por ter ardido também já perto de onde mora a Laura... começando cada vez mais a ser motivo de questionar é onde ainda não ardeu neste País? Triste e revoltante de facto. E que insistindo na temática pergunto: onde está a utilidade dos insistentes, intensivos, recorrentes, já normativos e sistémicos anúncios mediáticos de "risco de incêndio", de há anos a esta parte e por norma proferidos com grande pompa?

      Abraço solidário, minha amiga

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  9. Esses incêndios recorrentes são propositais?
    Boa semana.

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    1. Não necessariamente todos, mas uns já comprovados e outros intuíveis, seguramente que em significativa ou mesmo maior parte creio eu que: sim, que são porpositais ou propositados como se diz aqui em Portugal. De qualquer modo, já seja de forma directa e objectiva ou de forma indirecta e subjectiva, seguro que são quase literalmente todos de origem humana, pois digo eu que combustões espontâneas não são impossíveis em determinadas condições, como por exemplo uma trovoada seca, mas seguramente são raras, desde logo face à quantidade, frequência e muitas vezes multi pontos de ignição de um só incêndio _ sem trovoada seca!!! Enfim este é um fenómeno tão multifacetado, inclusive por todos os múltiplos interesses envolventes, que eventualmente terei mais crime eu que escrevo tudo isto ao respeito, do que senão têm os próprios incendiários, pelo menos do que tem muita da incompetência que rodeia a prevenção e o combate aos incêndios, com custos de milhões.
      Espero ter sido esclarecedor segundo esta minha responsável e consequente perspectiva ao respeito.
      Excelente semana e obrigado pelo interesse.
      VB

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