Numa fase em que estou mais propício à escrita do
que à fotografia, sem no entanto descorar de todo esta última, aproveito para reforçar
a minha associação entre fotografia e escrita, com base em fotos feitas há
algum tempo, mas que me suscitam textos no presente momento:
Estando
eu sentado numa esplanada de café enquanto já os vira passar duas ou três vezes num
e noutro sentido da rua, para cima e para abaixo, pelo meio dos diversos viandantes, de entre as tendas do temático mercado de rua e dos demais figurantes-animadores
daquele evento cultural de cariz histórico-medieval. Inclusive eu já os havia
fotografado de perfil a partir da esplanada onde me encontrava sentado a tomar
uma bebida fresca. Sem que por um lado os mesmos me vissem a mim e sem que por
outro lado em momento algum eu os tenha visto a eles parar a conversar com quem
quer que fosse e vice-versa. Até que mais tarde, depois de me levantar da esplanada onde me
encontrara sentado até então e de respectivamente ter recomeçado a caminhar também
eu pelo meio das tendas do temático mercado de rua, dos restantes viandantes e dos
diversos figurantes temáticos que aqui e ali surgiam compassadamente uns atrás
dos outros, eis que ressurge o casal figurante que vira passar anteriormente
mais do que uma vez em frente à esplanada, e mas agora já comigo a caminhar em
sentido inverso ao deles acabei por os fotografar frontalmente, com um enquadramento a
apanhar o genérico contexto envolvente, isto enquanto com eles ainda a uma
boa dezena de metros de mim. Para quando surpresa minha, no momento em que nos
cruzamos, como algo que não os vira em absoluto fazer até então, o casal
figurante parou e se me dirigiu directamente, cumprimentando-me em
castelhano e perguntando se eu era português ou espanhol. Correspondi-lhes
cumprimentando-os também a eles e dizendo-lhes que era português.
A partir de que sob passiva atenção
do elemento feminino, o respectivo elemento masculino retirando uma pequena
bolsa fechada com cordão de correr, que trazia pendurada na cintura, abrindo
esta última retirou algumas pedras, minerais, coloridas e polidas do seu
interior e de entre estas, não sei se objectiva ou subjectivamente, escolheu
uma enquanto me dizia que: _ eram pedras recolhidas por eles mesmos e esticando
o braço na minha direcção com uma das pedras entre os dedos acrescentou
tratar-se duma Pedra da Sorte _ que dá sorte. Surpreendido e sem entender muito
bem o objectivo de toda aquela atitude, imaginei que o senhor me estava a fazer
venda da Pedra, dai que agradecendo-lhe a atenção e a respectiva explicação com
um sorriso, enquanto aceitava a Pedra para ao menos a ver a minha mão, também
fui perguntando: _ e quanto é que custa a Pedra? _ ao que me foi correspondido:
_ não custa nada, é oferta! Com ainda reforço do mesmo para comigo disse que: _
A sua simpatia e respectivo sorriso eram tudo o necessário em troca da Pedra.
Fiquei ainda mais surpreendido e imagino que deixando transparecer
expressivamente a minha surpresa, foi também ainda algo desconcertadamente que enquanto
o senhor ia fechando de novo a bolsa com as restantes pedras no interior, eu reforcei
a minha gratidão com: _ mais uma vez obrigado! Sendo correspondido pela outra parte com um: _ és un placer! Sequência de que desejando-me
sorte, que eu retribui, aquele casal seguiu o seu caminho e eu o meu, no meu
caso e nos primeiros momentos algo desconcertado por tudo aquilo.
Moral
da história é que posso imaginar uma série de motivos para aquela atitude
daquele casal de figurantes para comigo, quando nem antes, nem nos momentos
imediatamente após os vi conversar ou dirigir-se a quem quer que fosse e
vice-versa, como o fizeram com relação a mim, inclusive face a outras pessoas
que também (os) fotografavam. Ainda que pela multiplicidade de pedras que
portavam eu imagine que a espaços os mesmos se dirigissem a outros transeuntes,
nos mesmos equitativos termos em que o fizeram com relação a mim, alegadamente
sob o critério de simpatia por parte do possível receptor abordado. Mas de
entre o que o mais surpreendente é que para tão só estar naquele espaço de
mercado de rua era necessário pagar entrada à organização do evento e de
repente ter-me visto surpreendido pela selectiva oferta por parte duns
figurantes desses mesmo evento, foi algo multiplamente surpreendente.
Já
quanto à “Pedra da Sorte” propriamente dita, eu que não sou particularmente
supersticioso, no entanto por via das dúvidas e como uma espécie de recordação
dum momento surpreendentemente intrigante, com ressalva de que numa primeira
instância a deixei semi-esquecida no bolso interior pequeno das calças de ganga
que vestia na altura e que não meti imediatamente a lavar, a partir do que de
resto ainda a preservei durante um tempo sobre uma estante de livros, mas após
umas obras em casa, sei que a guardei, mas nem recordo onde. Só podendo esperar
e desejar que a minha sorte, na pior das hipóteses não seja menos afortunada do
que era antes de receber a Pedra da Sorte e/ou depois de em objectivo perder paradeiro
desta última. De qualquer modo resta-me a recordação de tudo o inerente, para o
poder estar a partilhar agora aqui, com ilustração fotográfica quer do casal de
figurantes no topo desta postagem, quer da respectiva Pedra da Sorte a fechar esta mesma postagem! VB
já peguei nesta pedra da sorte :)
ResponderEliminarque a sorte esteja então com a Laura ;)
EliminarAchei a estória intrigante, pois é muito estranha mas até pode nem ser.
ResponderEliminarQuanto à pedra eu guardaria nem que fosse pelo surrealismo em que foi dada.
E é uma bonita pedra, na minha opinião.
beijinhos
:)
de facto tenho-a guardada, por todos os motivos que a Piedade invoca, incluindo que tenho tendência a guardar tudo o que tenha algum particular simbolismos para mim, o que por vezes até coincide com insignificâncias para outras pessoas _ manias! Mas que até talvez por este último caso leve a que por vezes eu perca o paradeiro dalguns dos, para mim, simbólicos preciosismos, tal como sucede de momento com a Pedra da Sorte, mas procurando-a ou não, sei que um destes dias a reencontrarei! :)
EliminarBjo