terça-feira, 6 de junho de 2017

Pedra da sorte…

Numa fase em que estou mais propício à escrita do que à fotografia, sem no entanto descorar de todo esta última, aproveito para reforçar a minha associação entre fotografia e escrita, com base em fotos feitas há algum tempo, mas que me suscitam textos no presente momento:


Estando eu sentado numa esplanada de café enquanto já os vira passar duas ou três vezes num e noutro sentido da rua, para cima e para abaixo, pelo meio dos diversos viandantes, de entre as tendas do temático mercado de rua e dos demais figurantes-animadores daquele evento cultural de cariz histórico-medieval. Inclusive eu já os havia fotografado de perfil a partir da esplanada onde me encontrava sentado a tomar uma bebida fresca. Sem que por um lado os mesmos me vissem a mim e sem que por outro lado em momento algum eu os tenha visto a eles parar a conversar com quem quer que fosse e vice-versa. Até que mais tarde, depois de me levantar da esplanada onde me encontrara sentado até então e de respectivamente ter recomeçado a caminhar também eu pelo meio das tendas do temático mercado de rua, dos restantes viandantes e dos diversos figurantes temáticos que aqui e ali surgiam compassadamente uns atrás dos outros, eis que ressurge o casal figurante que vira passar anteriormente mais do que uma vez em frente à esplanada, e mas agora já comigo a caminhar em sentido inverso ao deles acabei por os fotografar frontalmente, com um enquadramento a apanhar o genérico contexto envolvente, isto enquanto com eles ainda a uma boa dezena de metros de mim. Para quando surpresa minha, no momento em que nos cruzamos, como algo que não os vira em absoluto fazer até então, o casal figurante parou e se me dirigiu directamente, cumprimentando-me em castelhano e perguntando se eu era português ou espanhol. Correspondi-lhes cumprimentando-os também a eles e dizendo-lhes que era português.  

A partir de que sob passiva atenção do elemento feminino, o respectivo elemento masculino retirando uma pequena bolsa fechada com cordão de correr, que trazia pendurada na cintura, abrindo esta última retirou algumas pedras, minerais, coloridas e polidas do seu interior e de entre estas, não sei se objectiva ou subjectivamente, escolheu uma enquanto me dizia que: _ eram pedras recolhidas por eles mesmos e esticando o braço na minha direcção com uma das pedras entre os dedos acrescentou tratar-se duma Pedra da Sorte _ que dá sorte. Surpreendido e sem entender muito bem o objectivo de toda aquela atitude, imaginei que o senhor me estava a fazer venda da Pedra, dai que agradecendo-lhe a atenção e a respectiva explicação com um sorriso, enquanto aceitava a Pedra para ao menos a ver a minha mão, também fui perguntando: _ e quanto é que custa a Pedra? _ ao que me foi correspondido: _ não custa nada, é oferta! Com ainda reforço do mesmo para comigo disse que: _ A sua simpatia e respectivo sorriso eram tudo o necessário em troca da Pedra. Fiquei ainda mais surpreendido e imagino que deixando transparecer expressivamente a minha surpresa, foi também ainda algo desconcertadamente que enquanto o senhor ia fechando de novo a bolsa com as restantes pedras no interior, eu reforcei a minha gratidão com: _ mais uma vez obrigado! Sendo correspondido pela outra parte com um: _ és un placer! Sequência de que desejando-me sorte, que eu retribui, aquele casal seguiu o seu caminho e eu o meu, no meu caso e nos primeiros momentos algo desconcertado por tudo aquilo.

Moral da história é que posso imaginar uma série de motivos para aquela atitude daquele casal de figurantes para comigo, quando nem antes, nem nos momentos imediatamente após os vi conversar ou dirigir-se a quem quer que fosse e vice-versa, como o fizeram com relação a mim, inclusive face a outras pessoas que também (os) fotografavam. Ainda que pela multiplicidade de pedras que portavam eu imagine que a espaços os mesmos se dirigissem a outros transeuntes, nos mesmos equitativos termos em que o fizeram com relação a mim, alegadamente sob o critério de simpatia por parte do possível receptor abordado. Mas de entre o que o mais surpreendente é que para tão só estar naquele espaço de mercado de rua era necessário pagar entrada à organização do evento e de repente ter-me visto surpreendido pela selectiva oferta por parte duns figurantes desses mesmo evento, foi algo multiplamente surpreendente.

Já quanto à “Pedra da Sorte” propriamente dita, eu que não sou particularmente supersticioso, no entanto por via das dúvidas e como uma espécie de recordação dum momento surpreendentemente intrigante, com ressalva de que numa primeira instância a deixei semi-esquecida no bolso interior pequeno das calças de ganga que vestia na altura e que não meti imediatamente a lavar, a partir do que de resto ainda a preservei durante um tempo sobre uma estante de livros, mas após umas obras em casa, sei que a guardei, mas nem recordo onde. Só podendo esperar e desejar que a minha sorte, na pior das hipóteses não seja menos afortunada do que era antes de receber a Pedra da Sorte e/ou depois de em objectivo perder paradeiro desta última. De qualquer modo resta-me a recordação de tudo o inerente, para o poder estar a partilhar agora aqui, com ilustração fotográfica quer do casal de figurantes no topo desta postagem, quer da respectiva Pedra da Sorte a fechar esta mesma postagem! VB

                                                                                 

4 comentários:

  1. Achei a estória intrigante, pois é muito estranha mas até pode nem ser.
    Quanto à pedra eu guardaria nem que fosse pelo surrealismo em que foi dada.
    E é uma bonita pedra, na minha opinião.
    beijinhos
    :)

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    1. de facto tenho-a guardada, por todos os motivos que a Piedade invoca, incluindo que tenho tendência a guardar tudo o que tenha algum particular simbolismos para mim, o que por vezes até coincide com insignificâncias para outras pessoas _ manias! Mas que até talvez por este último caso leve a que por vezes eu perca o paradeiro dalguns dos, para mim, simbólicos preciosismos, tal como sucede de momento com a Pedra da Sorte, mas procurando-a ou não, sei que um destes dias a reencontrarei! :)
      Bjo

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